A dúvida que não quer calar: Guanidina ou Tioglicolato?
Para iniciar vamos definir quem é quem:
Guanidina: é um composto químico alcalino,
por isso também é chamado de álcali (alkali). Ele está dentro de uma categoria
chamada de alisantes a base de hidróxidos (assim como o hidróxido de sódio,
lítio e potássio). O alisante propriamente dito é o carbonato de guanidina, que
é obtido na hora da aplicação no cabelo através da mistura de dois compostos
químicos: carbonato de cálcio com hidróxido de guanidina.
Como a guanidina age nos fios?
A guanidina (assim como os demais hidróxidos)
quebra as ligações dissuilfídicas (formadas por 2 enxofres) transformando-as em
ligações monossulfídica (um enxofre) também conhecidas quimicamente como
lantioninas; essa modificação é irreversível. Ao atingir o alisamento desejado,
torna-se necessário o uso de um agente capaz de cessar a reação da guanidina
com o cabelo (ou do contrário, danos severos podem ocorrer com os fios). Esses
agentes são chamados de neutralizantes e são representados por shampoos com pH
ácido.
Tioglicolato: é um
mercaptano, ou seja, uma molécula com a presença de um grupo –SH (enxofre e
hidrogênio – por isso o cheiro ruim).
Tioglicolato de amônio é um sal
de amônio do ácido tioglicólico. Os alisantes á base de tioglicolato são
indicados para pessoas que possuem cabelos lisos nas raízes e anelados nas
pontas. O tioglicolato também é muito encontrado nas fórmulas de escovas
definitivas, em menor concentração, até mesmo em escovas progressivas sem
formol. Como as raízes não precisam ser alisadas o produto é passado onde
existe volume e ondulação, geralmente no comprimento dos cabelos e pontas. Para
potencializar o resultado do alisamento á base de tioglicolato, algumas escovas
disciplinadoras ainda poderão ser realizadas após o relaxamento, mas atenção,
somente após a neutralização da química do relaxamento. A grande maioria das
escovas disciplinadoras é constituída de aminoácidos, emulsões especiais de
silicone, queratina termoativada e 0.2% de formol, portanto são compatíveis com
alisantes á base de tioglicolato.
Como o
tioglicolato age nos fios?
Esses compostos são capazes de romper as ligações
dissulfídicas do cabelo, porém, para que elas sejam reestruturadas (no formato
liso) é necessário que um outro agente as refaça. Como a reação com o
tioglicolato é uma reação de redução, a segunda etapa requer um agente de
oxidação para reestruturação. Dessa forma, os agentes mais usualmente usados
são o peróxido de hidrogênio (água oxigenada), bromatos ou perboratos.
E qual dos dois é o melhor?
A resposta é única: depende do cabelo e do resultado desejado!
- Cabelos excessivamente crespos, que objetivam alisamento: Guanidina
- Cabelos crespos que desejam um “leve” relaxamento das ondas: Tioglicolato
- Cabelos ondulados que desejam alisamento rápido: Guanidina
- Cabelos ondulados que desejam alisamento menos danoso: Tioglicolato
- Resultado definitivo (irreversível): Guanidina
- Resultado que pode ser mudado: Tioglicolato
A Guanidina é um tratamento mais invasivo, com maior poder de alisamento, assim como mais danoso que o tioglicolato. A guanidina depois de aplicada não tem mais volta, ou seja, uma vez alisado só esperando crescer pra ter cachos novamente. Já com o Tioglicolato pode-se alisar hoje e encrespar outro dia (embora isso não seja saudável para os fios).
A Guanidina é mais barata que o tioglicolato e entre os hidróxidos o menos irritativo, mas como deve ser preparada na hora do uso, requer prática de quem esta aplicando, pois uma demora no uso após a preparação pode ser prejudicial aos fios.
E a guanidina pode ser usada em cabelos tingidos? Eu aconselharia não usar. Embora não existam explicações na literatura sobre interações químicas, um cabelo tingido, descolorido, é um cabelo já danificado. Sobrepor a esse cabelo uma química como a da guanidina pode resultar em quebra e perda de muitos fios.
Já o Tioglicolato, alterando o pH da solução, pode ser menos concentrado (mantendo o mesmo efeito), o que permite uma aplicação em cabelos tingidos. Entretanto, como o agente finalizador do alisamento com o tioglicolato é, em geral, o peróxido de hidrogênio (água oxigenada), esse tipo de tratamento pode acarretar mudanças na coloração do cabelo (se não forem tomados os cuidados devidos).
Danos também podem ocorrer se houver uso concomitante de alisamento de classes diferentes, isso pode acarretar em danos sérios aos cabelos. A ação química de cada categoria (hidróxidos X mercaptanos) é diferente. Essa mistura pode acarretar danos como a perda dos cabelos.
A
primeira coisa que uma mulher que pretende alisar os cabelos definitivamente
precisa ter em mente é: não tente fazer em casa sozinha e nem peça para amiga
que não é uma profissional fazer para você. Economizar com o preço dos serviços
de um cabeleireiro pode custar muito caro, como cabelos quebrando e caindo.
Lembre-se que apesar de não ter formol na sua composição, se trata de um
produto muito forte e somente um profissional sabe o tempo certo que deve agir
em cada tipo de cabelo, além das compatibilidades de químicas caso os cabelos já tenham sido processados com alguma
anteriormente.
Reserve pelo menos 5 ou 6 horas para ficar no salão, é o tempo
necessário para aplicação do produto de forma correta, que é trabalhado
primeiramente nos cabelos secos. Sua permanência no cabelo depende do tipo dos
fios de cada uma, somente um bom profissional sabe deixar o tempo necessário
para não danificar os fios. Depois os cabelos são lavados e escovados para em
seguida ser aplicado o neutralizador para interromper a ação do produto.Ele age
por um tempo determinado e depois é só lavar e pronto, cabelos lisos.
Vantagens e Desvantagens
